Entre a tentação de gerir e a tentação do «chicote»


Jorge Jesus pode trocar algumas unidades já com Braga no pensamento. José Couceiro estreia-se à frente dos leões no jogo mais apetecido. Este é um «derby» que dá final. 

Em quatro frentes, Jorge Jesus não esconde que, se tivesse de escolher entre a Taça da Liga e os triunfos nas restantes provas - campeonato, Taça de Portugal e Liga Europa -, abdicava da mais jovem competição do calendário português. Troféu que os encarnados venceram nas duas últimas edições. 

Uma declaração de intenções que não retira, no entanto, ambição aos encarnados, mesmo que Jorge Jesus venha a privilegiar, neste derby 200, a promoção de algumas alterações na habitual estrutura do conjunto. 

Há jogadores com muitos minutos de futebol nos músculos, o calendário, neste início de ano, tem sido extremamente exigente em termos competitivos (e assim vai manter-se) e no horizonte é impossível dissociar, desde logo, os compromissos com o SC Braga (para a Liga, no próximo domingo, 6 de Março) e Paris Saint Germain (primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa, na Luz, a 10 de Março). 

Com a revalidação do título e o sucesso nas competições europeias como prioritários, Jorge Jesus terá a tentação de gerir o estado físico de alguns dos executantes mais influentes na estratégia do Benfica. 

A sequência de 17 triunfos consecutivos, no conjunto de todas as provas, dá totais garantias ao técnico do Benfica para apostar na rotatividade, mesmo que um jogo com o Sporting nunca possa ser encarado como apenas mais um jogo. É o derby eterno, expressão máxima de paixões, o terceiro da presente temporada (2-0 para os encarnados nos já disputados), o jogo 200 na história dos rivais e decide-se uma presença na final da Taça d Liga (para o conjunto da Luz, em caso de triunfo esta noite, será a terceira presença consecutiva no jogo decisivo).

UM NOVO ROSTO NO LEÃO

Esta não seria, muito provavelmente, a primeira vez que José Couceiro ambicionaria como treinador do Sporting. Chamado a substituir Paulo Sérgio, o agora director-geral e treinador dos leões estreia-se no jogo mais apetecido, é certo, mas numa fase especialmente sensível no universo leonino, depois de um início de 2011 devastador dentro e fora do campo - demissão do presidente José Eduardo Bettencourt, despedimento do director para o futebol, Costinha, e transferência de Liedson, máxima referência do futebol leonino neste século.

No relvado, os leões foram afastados da Taça de Portugal, ainda em Dezembro (derrota, por 1-2, no Bonfim, com o Vitória de Setúbal), e têm, desde então, visto hipotecadas as aspirações no campeonato, tendo-se despedido, entretanto, da Liga Europa, numa traumática eliminatória com o Rangers (Escócia). 

Para agravar o quadro, há sete jogos oficiais que o Sporting não vence (quatro igualdades e três derrotas) e o ruído próprio de um processo eleitoral em curso e a panóplia de nomes que se anunciam inviabiliza o clima de tranquilidade que tanto se procura em Alvalade. Para já, o leão não resistiu à tentação do chicote, há um novo treinador, uma nova personalidade na liderança da equipa, e a certeza de que a prioridade é a manutenção do 3.º lugar na Liga. 

Mas este é também o jogo que pode, de algum modo, salvar a época e garantir aos leões um troféu em 2011, com José Couceiro tentado a mudar, dentro das opções possíveis, o rosto do leão.

0 comentários: