«Estamos fartos, cansados de jogadas de bastidores» – Rui Gomes da Silva


Rui Gomes da Silva (foto ASF)Com 52 anos de vida e de sócio, Rui Gomes da Silva está, como a maioria dos benfiquistas, entusiasmado, apaixonado pelas últimas exibições da equipa. Numa entrevista frontal, afirmativa, o vice-presidente do clube e administrador da SAD, fala de futebol, de finanças, de liderança, de TV, do passado e do futuro de um Benfica europeu. 

O Benfica venceu o FC Porto, o Sporting e eliminou o Estugarda na Liga Europa, este já é um Benfica de topo e, até, melhor do que a aquele que foi campeão a época passada?

- É difícil fazer essa comparação, mas, olhando paras as exibições e para os resultados, diria que é, de facto, melhor do que o do ano passado. Quando as pessoas esperavam que fosse menos forte, depois das vendas de Di María e Ramires, e, até, da saída, em Janeiro, de David Luiz, o Benfica tem respondido a quem tinha essas dúvidas de uma forma muito positiva, com exibições muito conseguidas. Tem produzido um futebol que - acho - que é o mais bonito que vi em toda a minha vida. Pode haver momentos parecidos, como com Sven-Goran Eriksson, por exemplo, e alguns outros, embora a espaços, com Fernando Santo, mas sem o brilhantismo desta época. 

- A forma como resolveu a saída de jogadores importantes é prova de que a política desportiva está consolidada?

- Sim. Há um trabalho de base, uma estrutura profissionalizada. Esse foi um dos factores que mais me surpreendeu quando cheguei à Direcção do clube. O Benfica viveu, no passado, momentos atribulados, muito por força da feira de vaidades em que se havia transformado. Muitas pessoas queriam aparecer para dar a ideia de que eram elas a mandar, a mandar no futebol. Entre muitos outros méritos, Luís Filipe Vieira também teve esse, o de criar uma estrutura profissional que cuida de tudo de forma antecipada, programada, planeada. E isso reflecte-se na escolha dos jogadores. Sabe-se que o Benfica, não apenas o Benfica mas o futebol português, não tem capacidade para manter os jogadores de topo durante muitos anos. Por isso, torna-se necessário potenciar, ao máximo, as suas capacidades em proveito da marca Benfica. Tem de haver uma permanente busca de jogadores que venham ocupar o lugar de quem sai. Existem, hoje, no Benfica, duas faces de uma (muito boa) moeda: Luís Filipe Vieira - e a sua equipa - a descobrir e a contratar talentos, que possam servir o clube, e Jorge Jesus, que tem rentabilizado esse património de uma forma espectacular.

As arbitragens foram assim tão determinantes no início do campeonato?

- O Benfica foi muito prejudicado em dois jogos: na primeira jornada, em casa, com a Académica e, depois, em Guimarães. Jogos que determinaram, no fundo, aquela que é hoje a diferença pontual entre o Benfica e o primeiro classificado. E essa diferença foi conseguida graças a erros grosseiros, que saltaram à vista. Tão gritantes que foram confirmados, até, pelo próprio Presidente da arbitragem. E esses erros de catedral também condicionaram o rendimento dos jogadores, sobretudo o daqueles que se estavam a adaptar. Ultrapassada essa fase de adaptação, os erros de arbitragem continuaram, mas o Benfica também começou a produzir mais. A verdade é que esses dois jogos, esses seis pontos perdidos, tiveram a ver exclusivamente com erros grosseiros de arbitragem. Não nos cansaremos de repetir isto, para que as pessoas não o esqueçam e percebam que as actuais contas, na classificação do campeonato, têm por base ajudas a uns e prejuízo para o Benfica. Ajudas a quem vai à nossa frente.»

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